Aos 67 anos, Joaquim Marques tem uma rotina bem definida para tratar a diabetes. Ele controla a alimentação, faz atividade física e mede os níveis de insulina no sangue diariamente. Além disso, realiza exames e segue à risca as orientações médicas recebidas pela equipe multidisciplinar do Centro Especializado em Diabetes, Hipertensão e Insuficiência Cardíaca (Cedhic), localizado no Hospital Regional do Guará (HRGu). A cada três meses, ele é acompanhado por médicos e profissionais de enfermagem, nutrição, assistência social e fisioterapia.
“O atendimento aqui é nota 10. Há dois anos faço esse acompanhamento. Após ser atendido na UBS 3, fui encaminhado para cá. Há mais de 20 anos eu não tinha sido tão bem atendido”, conta Joaquim.
Assim como ele, outros 56 pacientes da rede pública do Distrito Federal – diagnosticados com diabetes, hipertensão e insuficiência cardíaca – recebem, mensalmente, atendimento personalizado e de forma integrada no Cedhic. O objetivo é melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. O centro é responsável pelos cuidados dos usuários adultos e idosos que têm essas doenças crônicas com alto ou muito alto risco.
Ao chegar ao local, o paciente passa pela triagem e pela sala de acolhimento, onde são verificados os sinais vitais como frequência cardíaca, pressão arterial e temperatura, além de medidas, como peso, altura e circunferências da barriga e tornozelo, por exemplo. Após essa primeira etapa, segue para a sala de enfermagem, como explica a enfermeira do Cedhic, Glenda Cesário.
“Realizamos o atendimento de forma totalmente integrada. Reforço a orientação que o médico passou, verifico as solicitações de exames, tiro dúvidas do paciente, pergunto sobre sintomas, administração de medicamentos e, no caso do Joaquim, que é diabético, verifiquei se a aplicação da insulina estava sendo feita de forma correta e no local adequado. Fazemos também o que chamamos de análise para ajudar no rastreamento do pé diabético”, detalha a profissional.
Na última etapa de seu atendimento, realizado neste mês de junho, Joaquim foi atendido pela fisioterapeuta cardiovascular, Polyana Guimarães, que também é tutora do local. “Muitas vezes a gente vai cuidar de diabetes, mas precisa também ajudar o paciente a entender suas emoções e a lidar com o diagnóstico. Nossa missão aqui é fazer com que o paciente se sinta amado e esses cuidados vão além do trivial. O emocional também altera o nível de açúcar no sangue e precisamos estar atentos. No caso do Joaquim, que é um paciente estável, passamos alguns exercícios para fortalecer a musculatura e tiramos algumas dúvidas sobre atividades físicas”, afirma a fisioterapeuta.
Atendimento integrado
Para ser atendido no Cedhic, o paciente precisa de encaminhamento médico. É na UBS que será realizada a avaliação e necessidade de atendimento especializado. O médico e superintendente da Região de Saúde Centro-Sul do DF, Ronan Araújo, ressalta que a equipe tem o cuidado de agendar as consultas do circuito em um único dia, o que facilita o tratamento. “O paciente é atendido em um único turno, minimizando deslocamentos desnecessários. No mesmo dia, ele consegue todo esse acolhimento e direcionamento multidisciplinar”, afirma.
Nilsete Mota, 51 anos, também faz tratamento para hipertensão e diabetes no Cedhic. Ela conta que a concentração das consultas em uma única data é fundamental para sua qualidade de vida. “Em um único dia você tem vários atendimentos. Aqui você vem à tarde e já resolve tudo. Já passei pela nutricionista, pela médica e depois eu vou ao cardiologista. É uma maravilha”, relata.
Cada profissional tem acesso ao plano de autocuidado, um formulário onde as informações são disponibilizadas. Em cada etapa, ele é preenchido com a avaliação do especialista e do próprio usuário, que participa ativamente no preenchimento de informações pessoais e responde a perguntas, como “Para melhorar a minha saúde, o que é importante para mim?” e “O que você precisa fazer?”.
A avaliação vai sendo construída conforme avança o circuito. Cada profissional obtém informações da etapa anterior, podendo, assim, construir, em conjunto, uma análise mais ampla da situação do paciente. Ao fim do atendimento, o último profissional fecha o plano de autocuidado, que também fica disponível aos profissionais da Atenção Primária, nas UBSs.
De acordo com a nutricionista e tutora do Cedhic, Maria Luiza Naves, o atendimento integrado otimiza tempo e evita retrabalho. “Como temos uma equipe multidisciplinar, evitamos a repetição de perguntas e ampliamos o escopo da análise. No meu caso, faço uma anamnese para ver como está o histórico alimentar, qual é o hábito que aquele paciente possui, quantas refeições realiza ao longo do dia e a qualidade desses alimentos”, enumera.
Funcionamento
Atualmente, o Cedhic atende pacientes provenientes das seguintes UBSs: Guará (UBS 3), Riacho Fundo (UBS 2) e Estrutural (UBS 2). O Centro Especializado funciona às terças-feiras, de 7h às 12h e às quintas-feiras, das 13h às 18h. A expectativa é que os atendimentos sejam ampliados para pacientes de outras unidades da região de saúde. Há ainda um projeto de expansão da capacidade instalada e ampliação do horário de atendimento.
*Com informações da Secretaria de Saúde
Fonte: Agência Brasília