No período de altas temperaturas não são apenas os humanos que sofrem com o calor extremo. Os pets também são influenciados pelo clima e, por serem dependentes dos donos, nada melhor do que saber o que fazer para deixá-los seguros e frescos nessa época do ano – especialmente os mais sensíveis.
No Batalhão de Cães da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), por exemplo, os militares já estão tomando os cuidados necessários para aliviar a quentura dos animais. Segundo o subtenente Ademar Barros, do BPCães, as equipes têm refrescado os cachorros, molhando com frequência os animais que precisam de mais hidratação.
O batalhão conta com uma variedade de raças, como rottweilers, que estão entre os que precisam de uma frequência maior de molha, pastores belgas malinoás e pastores alemães, além dos sem raça definida. Uma “patrulha da água” é feita a cada hora no dia e a cada duas horas à noite. O subtenente frisa que não é um banho, apenas molham os animais, além de cuidar da hidratação e refrescagem. Segundo o militar, as ações melhoraram a disposição dos animais.
“Iniciamos por baixo, no dorso, pois é assim que eles fazem na natureza. É importante a pessoa conhecer seu cão e agir de acordo com a necessidade dele”, ressalta o policial. Ele frisa que, na hora de molhar, é importante começar pelo dorso, que é a parte do final do pescoço, sempre conversando com o animal e mostrando o que está fazendo.
Perigos do calor
Um período mais quente pode trazer perigos como a hipertermia, também conhecida como insolação, que ocorre com o aumento de temperatura corporal acima do normal para a espécie em questão. Para os pets, ela ocorre quando está acima de 41ºC, visto que o normal é em torno de 39,3 a 39,5ºC. Isso eleva o risco de falência múltipla de órgãos e, consequentemente, pode levar a óbito.
Os sintomas da hipertermia em cachorros, por exemplo, são dificuldade respiratória, alteração na coloração da língua e na parte interna das orelhas, apatia, andar cambaleante, confusão mental, excesso de salivação, vômito, diarreia e convulsão.
Ao perceber que o pet está tendo algum desses sinais, a primeira coisa a fazer é retirá-lo do sol e deixá-lo em um local fresco e ventilado. Ofereça água fresca em grande quantidade e, se possível, dê gelo para o animal. Usar toalhas molhadas, um tapete gelado ou até colocar água sobre o animal pode ajudar a resfriá-lo.
Para reverter a hipertermia, ele deve ser resfrescado o mais rápido possível. “O melhor é sempre prevenir, mas qualquer coisa é acionar a veterinária”, lembra Barros.
É necessária uma atenção redobrada com cachorros filhotes, idosos, obesos e braquicefálicos, que são os de crânio achatado e focinho curto. Esses grupos têm mais tendência a apresentar problemas respiratórios e dificuldade em perder calor.
No caso de pets com essas características, é preciso ficar atento aos sinais de hiperventilação, que é a respiração curta e acelerada. Além de ofegante, o animal também pode estar tremendo. Quando isso ocorre, é recomendado procurar imediatamente um veterinário.
Além disso, não deixar o cão realizar esforços, como pular e correr; e evitar atitudes que o deixem estressado ou excitado. E, principalmente, não tentar medicar o cachorro por conta própria, porque isso poderá piorar ainda mais a situação.
Principais cuidados
A médica veterinária Lindiene Samayana, que também é diretora do Serviço Veterinário Público (Hvep), fala das principais dicas para prevenir esses males de acontecerem aos animais.
Um deles é evitar passear com o pet em horários que o sol está muito quente, entre 9h e 17h. A veterinária explica que a almofadinha na patinha do cachorro é muito similar à pele de um bebê recém-nascido, então ele pode queimar ou lesionar a patinha no asfalto quente.
Também é essencial fazer a troca da água diária, deixando sempre água fresca. Você pode até colocar pedras de gelo na aguinha do pet. Algo legal também, em cãezinhos que gostam de fruta, é dar as que contêm mais água, como melancia e melão, que vão auxiliar na hidratação.
Outra medida importante é evitar que o pet fique em lugares abafados, principalmente os braquicefálicos como shih-tzu e pug, que têm tendência a tentar se ventilar. “Em lugares abafados eles começam a respirar com a boca aberta e isso pode causar uma hipertensão, podendo ir a óbito por o animal não conseguir respirar”, alerta a veterinária. Então, sempre deixe o pet em lugares frescos e arejados, evitando, por exemplo, que ele fique dentro de uma casinha no sol.
Para aqueles donos com o hábito de colocar roupinha no pet, é bom evitar vesti-los nesse período. “O pet não tem a necessidade de usar roupa, principalmente nesse calor. Sei que muitos cãezinhos são acostumados a usar roupinha, mas nesse período de calor não é interessante colocar, porque a pele do pet não consegue respirar, causando uma hiperventilação”, acentua a veterinária.
Sobre a quantidade de banhos, não é necessário aumentar a frequência. A não ser que o animal tenha algum problema de pele e precise tomar mais banhos. Fora isso, é realizar a lavagem normalmente e deixar o pet em um lugar arejado.
Muitos tutores ainda ficam na dúvida de tosar ou não o pet. Mas Lindiene orienta que não há necessidade de tosa, mesmo se ele for peludinho. Embora alguns donos pensem que são prejudiciais no calor, os pelos fornecem isolamento e até ajudam a regular a temperatura. Da mesma forma que eles mantêm o animal aquecido no inverno, são capazes de resfriá-lo no verão, servindo como uma proteção.
A não ser que haja necessidade ou prescrição de um médico, caso o animal esteja em tratamento, a preferência é por aparar os pelos e não raspá-los. É importante mantê-los limpos e escovados, permitindo a melhor circulação de ar.
Fonte: Agência Brasília