A Secretaria de Saúde lançou, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o curso inédito de aperfeiçoamento sobre Hortos Agroflorestais Medicinais Biodinâmicos (HAMB). Destinado a servidores públicos, a capacitação começará em 21 de agosto e busca fundamentar a construção da primeira Rede de HAMB do país.
A criação da rede é baseada em diversas políticas públicas e legislações, incluindo pautas de saúde em geral, de vigilância, de segurança alimentar e nutricional e de desenvolvimento de novas tecnologias.
O curso, com inscrições já finalizadas, é destinado tanto aos servidores da SES-DF quanto aos das demais secretarias distritais, e busca capacitar trabalhadores no campo da saúde única e da agroecologia. Totalmente presencial, a formação será ministrada nas dependências da Escola de Governo Fiocruz, e é dividida em atividades teóricas (128 horas-aula) e práticas (52 horas-aula). Os encontros começam em 21 de agosto e seguem até 14 de dezembro.
A referência técnica distrital (RTD) em Fitoterapia, Marcos Trajano, descreve os hortos como um novo equipamento técnico assistencial para o cuidado. “São espaços de convivência, de troca de saberes, de promoção da saúde, de aprender com as plantas medicinais, para exercitar a cidadania e atuar em torno da questão climática”, detalha.
Os hortos possuem também forte valor comunitário, pois envolve o paciente no processo de cuidado ao incluí-lo no plantio daquilo que fará parte de seu tratamento. De acordo com a gerente de Atenção à Saúde de Populações em Situação Vulnerável e Programas Especiais (GASPVP), Juliana Oliveira Soares, esses espaços funcionam ainda como uma ferramenta de aproximação da população com as unidades básicas de saúde (UBSs).
“Muitos dos cuidados não precisam necessariamente passar pelas mãos de um profissional de saúde. Os hortos fazem com que a população se empodere do próprio cuidado e nada mais justo que usar a rede de saúde para isso”, afirma Soares.
Rede de hortos
Um dos objetivos do curso é aperfeiçoar os profissionais para que estejam aptos a instalar hortos em suas unidades de saúde. O planejamento é expandir esses espaços não somente às UBSs, mas aos hospitais e aos centros de Atenção Psicossocial (Caps).
“A expectativa é que possamos multiplicar os hortos o mais rápido possível. Cumpriremos a meta de implementar um em cada Região de Saúde. Faltam, por exemplo, hortos nas unidades hospitalares, voltados a pacientes que estão no cuidado paliativo”, explica Trajano.
Inscrito na nova capacitação, o médico de família Bruno Musso, da UBS 2 da Fercal, está otimista sobre os benefícios que pode levar à comunidade de sua região. “Os hortos são uma maneira de diversificar o que oferecemos à população, além de estimular o autocuidado. É também um jeito de fazer o paciente buscar auxílio em outras formas de tratamento, além das emergências hospitalares”, comenta.
Atualmente, existem no DF quatro HAMBs. O primeiro foi criado em 2018 no Lago Norte, nas cercanias da UBS 1, e reformado em 2021. Posteriormente, um HAMB foi instalado na Casa de Parto de São Sebastião e outro, no Núcleo de Farmácia Viva do Riacho Fundo. O quarto é resultado da revitalização do horto do Centro de Referência em Práticas Integrativas em Saúde (Cerpis), em Planaltina.
Todos os HAMBs receberam cultivos em regime biodinâmico, com o aproveitamento de recursos presentes no local, sem adubos sintéticos ou agrotóxicos.
Após a avaliação de diferentes aspectos, como o potencial de envolvimento da comunidade, as características do solo, a topografia, a presença de árvores e a proximidade com outras instalações, foram escolhidas as respectivas unidades de saúde para desenvolverem seu horto próprio e integrarem a RHAMB: UBS 1 de Itapoã; UBS 1 da Asa Sul; Centro de Atenção Psicossocial para tratamento de Álcool e outras Drogas (Caps AD III Candango), no Setor Comercial Sul; UBS 8 de Ceilândia; UBS 1 de Brazlândia; UBS 3 de Santa Maria; UBS 10 de Santa Maria; UBS 6 de Samambaia; Diretoria de Vigilância Ambiental em Saúde (Dival), no Noroeste; Subsecretaria de Vigilância à Saúde (SVS), na Asa Sul; e Escola Classe Beija-Flor, na Asa Norte.
*Com informações da Secretaria de Saúde
Fonte: Agência Brasília