Uma pesquisa do Distrito Federal as propriedades naturais de regenerar tecidos da seringueira e a luz de LED em ambientes controlados foram combinados. O resultado é um ganho inovador para a ciência aplicada à saúde.
O estudo une engenharias e biologia e é liderado pela professora-doutora Suélia Rosa, da Universidade de Brasília (UnB) com fomento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF). A pesquisa intitulada Organ-on-a-Chip, em tradução livre Órgão em Chip, é utilizada no aperfeiçoamento de medicamentos contra doenças vasculares.
O aparelho batizado de Chip-ENY é o protagonista dessa descoberta. Ele foi desenvolvido para simular o comportamento celular e as respostas aos estímulos, permitindo o estudo detalhado de processos biológicos, como a angiogênese e a regeneração tecidual.
Em contato com o látex e a luz de LED, a tecnologia permite a observação de quantidades minúsculas de líquido circulando por canais extremamente finos, mais estreitos que um fio de cabelo, com o fluxo controlado por válvulas. Com essa ferramenta, os pesquisadores podem avaliar como as proteínas do látex estimulam a formação de novos vasos sanguíneos, abrindo caminho para avanços no tratamento de feridas crônicas e regeneração de tecidos.
A longo prazo, essa inovação pode aumentar a segurança no desenvolvimento de novos medicamentos, contribuir para a prevenção de doenças e reduzir a necessidade de testes em animais.
“O equipamento combina curativos de látex e emissão de luz LED para acelerar a cicatrização de feridas em pacientes com diabetes, um problema grave que afeta muitas pessoas”
Suélia Rosa, professora
Suélia explica que outro equipamento desenvolvido anteriormente pelo núcleo de pesquisas que coordena na UnB é o Rapha,que está em fase de registro na Anvisa, para que possa ser usado no sistema de saúde. “O equipamento combina curativos de látex e emissão de luz LED para acelerar a cicatrização de feridas em pacientes com diabetes, um problema grave que afeta muitas pessoas”, afirma.
“Os próximos passos envolvem a análise dos resultados e a possibilidade de transferência tecnológica, abrindo caminho para uma produção em escala. O que me inspira nessa trajetória é ver que a pesquisa translacional pode, de fato, sair dos laboratórios e se transformar em soluções concretas para a saúde pública. Espero que essa jornada possa incentivar outros cientistas a acreditarem no impacto que a ciência pode ter na vida das pessoas”, destacou a coordenadora da pesquisa.
Destaque científico
Em 2024, a pesquisa recebeu moção de louvor pela Câmara Legislativa do Distrito Federal
e conquistou o primeiro lugar no IX Congresso Brasileiro de Prevenção e Tratamento de Feridas, na modalidade apresentação oral e categoria Pós-Graduação. Antes, em 2022, ganhou menção honrosa do Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia.
Além de ganhar destaque no Prêmio Confap (Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa) com o segundo lugar de pesquisador inovador em 2022 na categoria Inovação para o Setor Empresarial. No prêmio FAPDF de Ciência, Tecnologia e Inovação conquistou em dois anos consecutivos, 2022 e 2023, o primeiro lugar nas categorias Pesquisador Inovador no Setor Produtivo.
Para o Presidente da FAPDF, Marco Antônio Costa Júnior, o desempenho ilustra a posição de protagonismo do Distrito Federal nas ciências voltadas para a saúde. “A tecnologia é reconhecida por sua alta performance, reconhecida pelos especialistas em escala nacional e também fora do país, já que é uma pesquisa que interage com outros Centros de Pesquisa ao redor do mundo. É nessa direção que enxergamos a potência desse estudo e acreditamos que ele pode cada vez mais impactar a inovação na saúde”, destacou o presidente da Fundação.
Referência feminina
A professora Suélia Rosa, que está à frente do núcleo de pesquisas que conduz o estudo, acredita que ser uma pesquisadora na engenharia biomédica vai muito além de desenvolver tecnologias e levar soluções disruptivas e inovadoras para a saúde, é também sobre abrir caminhos, inspirar e mostrar que é possível transformar ideias em soluções reais, impactando vidas e incentivando outras mulheres a fazerem o mesmo.
A trajetória dela passa por gigantes da tecnologia como a Siemens e também pela rede Sarah de unidades hospitalares especializada no atendimento de vítimas de politraumatismos e problemas locomotores.
“Sei que a ciência e a tecnologia podem parecer, às vezes, distantes e até intimidadoras. O que mais me motiva é ver estudantes descobrindo seu potencial, se apaixonando pela engenharia biomédica e percebendo que cada circuito, cada protótipo e cada experimento tem um impacto muito maior do que imaginamos”, reforça a professora.
“Se meu trabalho puder inspirar uma nova geração de pesquisadores no DF e no Brasil a acreditarem no seu talento, ocuparem esses espaços e a construírem um futuro mais inovador e inclusivo na ciência e na saúde, então sentirei que minha missão está sendo cumprida. A tecnologia sozinha não muda o mundo – são as pessoas, com sua paixão e dedicação, que fazem isso acontecer”, finaliza.
*Com informações da FAPDF
Fonte: Agência Brasília