Quando pensamos que já vimos de tudo sempre aparece alguma coisa para nos surpreender, como por exemplo, esse homem que passou cerca de 60 horas deitado. O homem ficou todo esse tempo deitado não por ser preguiçoso, mas sim porque estava participando de um concurso.
Essa foi a 12ª Competição Deitada que coroa quem fica o maior tempo possível na horizontal. O concurso aconteceu próximo à cidade de Nikšić, em Montenegro. Por ter ficado o maior tempo na horizontal, Zarko Pejanovic recebeu 350 euros, aproximadamente 1.782 reais, um fim de semana com tudo pago em uma aldeia local, um almoço a dois em um restaurante da região, e outros prêmios dados pelos patrocinadores do evento.
“Não foi difícil, acredite, nem fiz aquecimento”, se gabou Pejanovic.
Mais tempo deitado
Embora o homem tenha ficado satisfeito com a sua performance, ele criticou uma característica do evento que poderia ter colocado tudo a perder. “Quando uma empresa vem para apoiar os competidores, é divertido. Mas o maior erro é quando vem a família de alguém. Quando vem a família, é difícil não se levantar”, disse ele.
Ficar 60 horas deitado é muita coisa. No entanto, esse tempo ainda está longe do recorde do concurso. Na edição de 2021, Dubravka Aleksic ficou aproximadamente 117 horas consecutivas na horizontal.
Pagar para deitar
Se você ama ficar deitado e acha que ganharia fácil esse concurso, imagine ser pago para ficar deitado? De cara, esse pode parecer o emprego dos sonhos. Contudo, ficar deitado por dois meses não é nada fácil sem ter nenhuma série para assistir e muito menos um celular para dar aquela checada nas redes sociais.
Mas isso tudo é em nome da ciência e dos avanços da humanidade. Em 2018, o Instituto para Medicina Espacial e Fisiologia recebeu currículos para realizar esse experimento e o salário não era nada mal.
O instituto em questão fez uma pesquisa com o intuito de analisar os efeitos da falta de gravidade sobre o nosso corpo. É por esse motivo que os candidatos devem permanecer deitados por dois meses. A ideia era simular a mesma situação dos astronautas que ficam no espaço por um longo período. Isso porque quando estão deitados, a gravidade não age sobre seus corpos.
Mas não pense que qualquer um podia participar, existiam algumas exigências para concorrer a vaga. Era preciso ser do sexo masculino, ter entre 20 e 45 anos de idade, ter massa corporal entre 22 e 27 e ainda praticar exercícios físicos regularmente.
Algumas pessoas se candidataram a vaga e alguns dos voluntários tiveram a prova real de que o trabalho não é moleza. Os participantes não podiam se levantar para comer, ir ao banheiro ou para dar uma esticadinha nas pernas. Nada disso! Durante todo o momento de testes era preciso que ao menos um ombro permanecesse sempre em contato com a cama.
Os resultados desses voluntários foram de acordo com o que os especialistas esperavam. Houve a diminuição da massa corporal e também da densidade dos ossos. Além disso, quando eles finalmente puderam se levantar, tiveram dificuldade em fazê-lo, afinal foram dois meses parados. Pressão baixa, fraqueza e tontura também acometeram os voluntários.
Ficar na cama
Agora pense se você nunca saísse da cama. Parece ser uma ideia muito interessante. Porém, de acordo com a ciência, não, não é. Começando pelas escaras que você pode desenvolver pelo fato de você não se mover, seus ossos perderiam cerca de 40 a 70 por cento de sua massa, suas taxas cardíacas aumentariam drasticamente, além do que você teria de lidar com crises de ansiedade e, até mesmo, pedras nos rins.
A primeira coisa que, provavelmente, iria acontecer se você ficasse deitado sempre seria o surgimento de escaras. Elas ocorrem por conta da pressão que a pele causa sobre os vasos sanguíneos e, consequentemente, dos tecidos macios. Os vasos sanguíneos pressionados não permitem a passagem normal de sangue, fazendo com que os tecidos da pele deteriorem e, eventualmente, morram. As áreas mais prováveis para isso acontecer seriam o cóccix, quadril e omoplatas. Você também começará a ficar cada vez mais cansado e fraco, principalmente se você estiver imóvel.
Os músculos, em completo descanso, perdem entre 10 e 15 por cento de sua força por semana, ou seja, em apenas três ou quatro semanas, eles perderiam 50 por cento de sua força. Descanso completo também causa diminuição da resistência, levando à fadiga e a menos atividade ainda, fazendo com que seus músculos atrofiassem cada vez mais, por perderem sua massa.
Os ossos também perderiam sua massa, estabilizando por volta de 40 a 70 por cento de sua massa original, essa perda é causada pelo aumento da reabsorção óssea, o que eventualmente pode causar osteoporose. Além de tudo isso, a cada dois dias de imobilização, o coração aumenta um bpm, o que faz com que o sangue circule mais rápido, aumentando o volume de sangue e diminuindo a quantidade de oxigênio.
Com menos oxigênio em suas células, significa que você se sentirá cansado muito mais facilmente. E isso não é tudo, já que existem toneladas de outros efeitos colaterais. Talvez seja melhor repensar a quantidade de tempo que você passa na cama.
